Quando se sabe que o caminho é só um, de nada vale negar. A aceitação e o viver abertamente com ele é um passo que se vai tornando uma parte integrante do ser. Este espaço é uma mera transcrição de uma (trans)mutação em tempo real, num espaço de tempo pré-determinado, que resultará na produção de mais uma loucura. Nesse dia, este trabalho estará realizado e cessará as suas actividades.

Sunday, December 19, 2004

“A primeira etapa é reconhecer. Aceitar o caminho e não resistir, não negar o que é inevitável.
Pelo caminho terás tentações para te demoverem do trilho, vacilarás e pensarás que ainda é possível voltar atrás e voltar a ser normal. Nessas alturas é quando sofrerás mais, pois não aceitas esta tua metamorfose, consideras que não és tu, que mais uma vez estás-te a tornar no que não és e não fazes de ti o que poderias. Vais-te sentir confuso, perdido, sem nenhum rumo, desanimado e até deprimido. Isso é o caminho natural das coisas, da interiorização e materialização da ideia dentro do teu ser. Quanto mais a combates mais ela se entranha. Quanto mais a ignoras mais ela se enraíza. Não existe outro caminho. Eu sei disso.
O tempo de acalmia e paz contigo própria só vai acontecer nos momentos em que não te questionas e te deixas dirigir por essa força maior que ti. Podes não te aperceber mas é quando aceitas o rumo inevitável das coisas na vida e aceitas esse teu caminho sem retorno. Cada passo que dás é na sua direcção, na direcção da loucura.”

Este era o texto que, um dos muitos que conheci, deixou escrito antes de não mais voltar do outro lado do muro e no qual encontrei alguma afinidade com alguma pesquisa que fui realizando para a sua explicação ou pelo menos uma possível compreensão:
“…logo que as coisas encaixam nos devidos lugares; logo que a experiência e a interpretação parecem coincidir, logo que o doente consegue uma “explicação” coerente que deixa de o fazer sentir-se como uma vítima do inexplicável e do incontrolável, os sintomas são geralmente, exorcizados (Eisenberg, 1981:245)”

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