Quando se sabe que o caminho é só um, de nada vale negar. A aceitação e o viver abertamente com ele é um passo que se vai tornando uma parte integrante do ser. Este espaço é uma mera transcrição de uma (trans)mutação em tempo real, num espaço de tempo pré-determinado, que resultará na produção de mais uma loucura. Nesse dia, este trabalho estará realizado e cessará as suas actividades.

Wednesday, February 23, 2005

“Uma vez um jovem, nem muito jovem nem muito velho, apanhou-me numa das minhas deambulações pelos jardins. Andava eu a falar com as árvores e com as plantas. Quando reparei que esse jovem me observava, obra do acaso nessas situações por normalmente não ligar a nada que esteja há minha volta, disse-lhe:
- Muitos bons dias! Está um belo dia para se falar de peito aberto para com estas plantas que perpetuam o ciclo da vida!
- Só um louco é que fala com as plantas na expectativa que elas o oiçam.
- Quem é que lhe disse que alguém nutria alguma expectativa nesse sentido?
- Então porque fala para elas? Não foi o que acabou de dizer?
- Porque simplesmente me apetece e dá prazer!
- Mas isso é fugir à realidade. É não viver na vida mas fora dela. É fugir dela.
- Será? Achas mesmo isso? Nunca tinha pensado dessa maneira…interessante.
Intrigado com a minha resposta, nada disse durante uns momentos, que me permitiram entrepor uma pergunta:
- Se é uma irrealidade, como diz, falar com as plantas, porque elas nãos nos ouvem, o que eu não afirmo nem nego, então porque é que as pessoas falam umas com as outras?
- Para comunicar! Como é óbvio - disse o jovem com um ar triunfante.
- E acha mesmo que elas o ouvem?
- Como?
- Como é que sabe que elas o escutam?
- Porque elas respondem!
- E o que é que elas respondem?
- Não sei.
- Pois!
- Como?
- E ainda diz que as pessoas que falam com as plantas são as que vivem fora da realidade! As que não vivem a vida.
Virei as costas e continuei a deambular pelo jardim.”

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