“Sonhei mais uma vez com um mundo estranho a este em que vivo quando estou acordado. Agora que o recordo, a visão de uma sala cheia de pessoas familiares é recorrente nesses meus estranhos sonhos, pelo menos lembro-me de lá ter estado num outro sonho, ou noutros sonhos. Quererá isto dizer que tenho outras vidas paralelas, cada vida é um sonho, tal como o Xavier de Milan Kundera?:
“O sono não é para ele o contrário da vida; o sono é para ele a vida, e a vida é um sonho.
Passa de um sonho a outro como se passasse de uma vida a outra vida”
“
Xavier vivia de modo muito diferente das dos outros homens; a vida dele era um sonho; Xavier adormecia e tinha um sonho; dormia nesse sonho e depois sonhava outro sonho e adormecia de novo e tinha mais um sonho ainda; e despertava desse sonho e voltava ao anterior; andava assim de sonho em sonho em sonho e vivia sucessivamente várias vidas; habitava em várias vidas e passava de uma para a outra. Não era maravilhoso viver como vivia Xavier? Não se estar preso numa vida só? Ser-se mortal, é claro, mas mesmo assim ter-se várias vidas?”
“
Xavier não vivia uma vida só entendendo-se do nascimento à morte como um longo fio sujo; não vivia a sua vida, mas dormia; nessa vida-sono saltava de um sonho para outro sonho; sonhava, adormecia a sonhar e sonhava ouro sonho, de tal maneira que o seu sonho era como uma caixa na qual entra uma outra caixa ainda, e nesta outra, e assim por diante.”
Quem me dera ser esse tal Xavier, como deve ser bom estar sempre a acordar ou a sonhar numa outra vida, todas elas contidas num mesmo corpo.”
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