Quando se sabe que o caminho é só um, de nada vale negar. A aceitação e o viver abertamente com ele é um passo que se vai tornando uma parte integrante do ser. Este espaço é uma mera transcrição de uma (trans)mutação em tempo real, num espaço de tempo pré-determinado, que resultará na produção de mais uma loucura. Nesse dia, este trabalho estará realizado e cessará as suas actividades.

Monday, June 20, 2005

"This is the end..."

Thursday, June 16, 2005

"Mesmo no final, quando tudo parece estar a acabar, ainda dúvidas, ainda pensas que é possível voltar para trás e recomeçar tudo de novo. Ilusão!
Sabes bem que isso é impossível e que..." e nada mais ficou escrito naquele papel. Um dos ùltimos escritos por ele, seguramente.

Sunday, June 05, 2005

“Hoje vi uma barata ou escaravelho, nada percebo de insectos, que estava de pernas para o ar e não conseguia fazer nada para além de espernear para o ar. Revi-me nele, no início desta viagem, da sua inutilidade mas também me lembrei do livro “metamorfose” de Kafka.
Tive pena dele e esmaguei-o por debaixo da sola do meu sapato.
O fim do suplício está próximo e já poucas coisas me incomodam, mesmo a morte deste pobre insecto.”

Thursday, June 02, 2005

“Sonhei mais uma vez com um mundo estranho a este em que vivo quando estou acordado. Agora que o recordo, a visão de uma sala cheia de pessoas familiares é recorrente nesses meus estranhos sonhos, pelo menos lembro-me de lá ter estado num outro sonho, ou noutros sonhos. Quererá isto dizer que tenho outras vidas paralelas, cada vida é um sonho, tal como o Xavier de Milan Kundera?:

“O sono não é para ele o contrário da vida; o sono é para ele a vida, e a vida é um sonho.
Passa de um sonho a outro como se passasse de uma vida a outra vida”



Xavier vivia de modo muito diferente das dos outros homens; a vida dele era um sonho; Xavier adormecia e tinha um sonho; dormia nesse sonho e depois sonhava outro sonho e adormecia de novo e tinha mais um sonho ainda; e despertava desse sonho e voltava ao anterior; andava assim de sonho em sonho em sonho e vivia sucessivamente várias vidas; habitava em várias vidas e passava de uma para a outra. Não era maravilhoso viver como vivia Xavier? Não se estar preso numa vida só? Ser-se mortal, é claro, mas mesmo assim ter-se várias vidas?”




Xavier não vivia uma vida só entendendo-se do nascimento à morte como um longo fio sujo; não vivia a sua vida, mas dormia; nessa vida-sono saltava de um sonho para outro sonho; sonhava, adormecia a sonhar e sonhava ouro sonho, de tal maneira que o seu sonho era como uma caixa na qual entra uma outra caixa ainda, e nesta outra, e assim por diante.”

Quem me dera ser esse tal Xavier, como deve ser bom estar sempre a acordar ou a sonhar numa outra vida, todas elas contidas num mesmo corpo.”